Quando o assunto é rodeio muito se fala sobre o bem estar dos animais, preocupação que é real e deve sempre existir. Porém, existem mitos e verdades que levam ao preconceito com atletas, animais, organizadores e apreciadores.
Tratados como atletas de alto nível, touros e cavalos recebem atenção personalizada de saúde, alimentação e preparo físico. Além disso, novas tecnologias são empregadas constantemente ao manejo para garantir o bem estar dos animais, conforme é exigido por lei.
Seleção dos animais
A seleção de animais para rodeios é feita com base na observação do instinto do animal. Segundo Tião Procópio, o responsável por difundir no Brasil a prática da montaria em touros no início da década de 80, o processo de treinamento de um touro demanda tempo.
De acordo com o ex-peão, a seleção segue as seguintes etapas: observação e pré-seleção; adaptação à arena, dentro e fora; passagem de corda sem montaria e após alguns dias nessa rotina, o animal finalmente é montado. E caso o touro não tenha uma personalidade para provas, não pula e nem responde aos estímulos.
A partir de agosto de 2019, uma forma de seleção mais tecnológica foi testada pela Best Bull Genetics e Associação Os Independentes, organizadora do Rodeio de Barretos. Touros com idades entre 12 e 36 meses são testados com um robô peão com o objetivo de avaliar e selecionar animais com o perfil de provas.
O papel do robô é simular o peso de uma pessoa e permanecer sob o animal por 4 segundo e após esse tempo, o robô se desprende de animal. A maioria dos filhotes testados são frutos de cruzamento de animais de alto desempenho e o objetivo é criar animais com genética própria para rodeios no país.
Os animais foram avaliados em cinco quesitos: pulo, giro, coice, dificuldade e intensidade, divididos nas categorias Fututo, de 1 a 2 anos e Jovem, de 2 a 3. Para avançar no treinamentos, os filhotes deveriam obter boa avaliação em cada quesito.
Alimentação e preparo físico
Como são atletas de alto rendimento, touros e cavalos de rodeios são tratados de acordo e para manterem os bons resultados, recebem treinamentos físicos e terapias intensivas e personalizadas.
Além dos treinos físicos com peões, os animais também passam por um rigoroso acompanhamento alimentar e são criados geralmente, em regime semi intensivo. A dieta de um animal da PBR, por exemplo, conta com silagem de milho, ração balanceada, preparo concentrado de milho e aveia e suplemento de aminoácidos.
A alimentação é planejada para oferecer energia e manter a pelagem saudável e atualmente, o mercado de nutrição animal conta com rações e compostos destinados para diferentes etapas da vida dos touros, como juvenis e adultos.
Já em relação ao preparo físico, um dos recursos mais utilizados é o redondel eletrônico, que consiste em uma esteira colocada na pista de areia, por onde os animais passam com tempo e velocidade controlados pelo tratador.
Para a recuperação física de animais que passaram por competições, muitos criadores aderiram a terapias alternativas, como a acupuntura, para acelerar tratamentos que antes eram feitos com antibióticos e antiinflamatórios. Além de acelerar os tratamentos dos touros, a mudança gera economia para os fazendeiros.
Sedém e esporas
Presentes nas competições de montarias, o sedém é um cinta passada na altura da virilha do animal com a finalidade de estimulá-lo. O acessório era feito, antigamente, de corda trançada com crina de cavalo e hoje deve ser confeccionado em lã ou espuma revestida de tecido macio.
Diferente do que se imagina, este estímulo não está ligado a dor e nem é produzido por meio do contato com os genitais do animal. Segundo um estudo realizado pelo Conselho de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo e publicado na revista de Educação Continuada comprovou que o sedém não provoca dor ou lesões.
De acordo com a organização da Festa de Barretos, o acessório estimula o animal para que o mesmo entenda a hora de pular e que apesar de próximo, não toca os genitais, tanto que nas provas com equinos éguas têm são mais utilizadas pois apresentam melhor performance.
As esporas são outro acessório utilizado nas provas, desta vez na bota do peão, que também aparenta causar dor e lesões. Porém, segundo o que especifica a Lei Confederação Nacional de Rodeios, as esporas possuem pontas arredondadas e em algumas competições são feitas de borracha.
Outro ponto importante é sobre a pele dos animais, que são em média seis vezes mais grossas e resistentes que a humana, dificultando ainda mais que machucados sejam feitos.
Fiscalização a maus tratos
Com o objetivo de criar regras e parâmetros de boas práticas para com os animais competidores, bem como criar meios para fiscalizar e combater maus tratos, foi sancionada em 2002 a Lei Federal nº 10.519. Um anos antes, havia sido sancionada a Lei nº 10.220, que regularizou a profissão dos atletas de rodeio.
Com o rodeio sendo reconhecido como modalidade esportiva no Brasil, foi criada também em 2001, a Confederação Nacional de Rodeio – CNAR, que é reconhecida pelo Ministério do Esporte. O objetivo da entidade é administrar a modalidade, chancelar campeonatos e fiscalizar rodeios.
Em 2007, buscando melhorar a fiscalização dos mais de 1200 eventos, a Confederação criou a “Certificação rodeio legal: seu rodeio dentro da lei” e segundo a organização, o objetivo é garantir que não haja maus- tratos aos animais e estimular outras ações socioambientais, como a destinação correta de todos os resíduos e reciclagem.
Em 2019, o então presidente Jair Messias Bolsonaro, durante a Festa de Barretos, assinou o decreto que complementa a Lei nº 10.519 , de julho de 2002, estabelecendo que passa a ser de responsabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) avaliar os protocolos de bem-estar animal elaborados por entidades promotoras de rodeios.
As competições de rodeios, mais do que um esporte radical, são uma manifestação cultural que saiu do povo simples do interior e ganhou o mundo. É a tradição caipira e os laços com os animais sendo fortalecidos.
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Amo touros amei seu post parabéns, http://maxiprimicartuchos.com.br